Macaíba

"Macaíba terra amada/ Histórica é uma beleza/ Filhos ilustres aqui brotam/ Manancial de nobreza/ Desde a sua fundação/ Desse solo, desse chão/ Tidos como realeza."

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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Pedubreu é indicado para o 10º Prêmio Hangar de Música


Com o tema "O Nordeste Musical de Elino Julião e de Luiz Gonzaga", a décima edição do Prêmio Hangar de Música será realizada na próxima terça-feira (31), no Teatro Alberto Maranhão.

Entre os convidados, estão o Duo Finlândia, que fará a abertura da noite, e os cearenses... da Água de Quartinha, banda que encerrará a premiação. Artistas potiguares apresentarão versões para os sucessos dos homenageados, em diversos ritmos diferentes.

Cerca de 30 bandas/ intérpretes/ compositores e instrumentistas disputam o Troféu Clave de Sol em 11 categorias do Prêmio Hangar de Música.

Veja a lista:

Revelação Musical do R
1- Maguinho daSilva e d malassomBROSband
2- Juão Nin (AK47 / Andróide Sem Par)
3- Linha de Passe
4- Los Costeletas Flamejantes
5- Talma&Gadelha

Melhor Banda ou Grupo
1- Camarones Orquestra Guitarrística
2- DuSouto
3- Eu, Edu e os Caras
4- PeduBreu
5- RastaFeeling

Melhor Intérprete
1- Clara Pinheiro (Clara e a Noite)
2- Khrystal
3- Liz Rosa
4- Simona Talma (Talma&Gadelha )
5- Valéria Oliveira

Melhor Música
1- Avenida da Canção (Maguinho da Silva / daSilva e d malassomBROSband)
2- Cretino (DuSouto)
3- O Roqueiro e a Hippie (Talma&Gadelha)
4- Tango no Hospício Encantado (Franklin Nogvaes / Antônio Ronaldo)
5- Zona Norte/Zona Sul (Khrystal / Ricardo Baia)

Melhor Instrumentista
1- Antonio de Pádua
2- Eduardo Taufic
3- Edu Gomez
4- Fábio Rocha (Fabão)
5- Gustavo Cocentino

Melhor Produtor Musical
1- Anderson Foca
2- Franklin Novaes
3- Jubileu Filho
4- Raphael BJoe
5- Zé Marcos

Melhor Letrista / Compositor
1- Bruno Alexandre
2- Ivando Monte
3- Maguinho Da Silva
4- Luiz Gadelha
5- Simona Talma

Melhor CD de artista Potiguar
1- +QImperfeiro (Romildo Soares)
2- E o Pior q´isso tudo Não é Ficção (daSilva e d malassomBROSband)
3- Matando o Amor (Talma&Gadelha)
4- Nosso Disco Dava um Filme (Projeto Trinca)
5- Samba no Beco (Arquivo Vivo)

Melhor Show realizado
1- Clássicos da MPB (Camila Masiso e Orquestra Sinfônica da UFRN)
2- Do Mar ao Sertão (Carlos Zens)
3- E o Pior q´isso tudo Não é Ficção (daSilva e d'malassomBROSband)
4- O Trem (Khrystal)
5- 20 anos de carreira - No Ar (Valéria Oliveira)

Artista do Ano
1- Camila Masiso
2- Maguinho Da Silva
3- Khrystal
4- Talma&Gadelha
5- Valéria Oliveira

Melhor Vídeo Clipe
1- Com a Água no Pescoço - Camarones Orquestra Guitarrística
2- Cretino - DuSouto
3- Estirado no Estirâncio - Os Poetas Elétricos
4- O Roqueiro e a Hippie - Talma&Gadelha
5- Zona Norte / Zona Sul - Khrystal

SERVIÇO | PRÊMIO HANGAR
Data: 31 de janeiro
Local: Teatro Alberto Maranhão
Hora: 20h
Venda de ingressos: Lojas Arte Musical do Via Direta e da Rua João Pessoa (Centro)
Informações: 3234 -95 41 / 3211 6444 / 9175 9870

domingo, 22 de janeiro de 2012

I Oficina artística e de audiovisual do filme "Tu se alembra?"

Aconteceu neste domingo(22/01)a primeira Oficina artística e de audiovisual com os atores da Cia. Interart de Teatro. A oficina foi ministrada pelos diretores do filme Lula Borges e Míriam Cidade.
A expectativa para o início das gravações é enorme, pois além dos atores que são da própria comunidade, participarão também moradores como figurantes, o que enriquece ainda mais o nosso trabalho. Várias casas já foram escolhidas para servirem de cenário, além de cenas externas, que serão por toda Lagoa do Sítio I.









terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cordel que deu origem ao curta "Tu se alembra?"

O cordel "Leite de vaca (com água) é que deu origem ao curta "Tu se alembra?" de Hailton Mangabeira. Um história muito engraçada e que acredito vai agradar muito a quem assistir ao filme.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Logomarca oficial do filme "Tu se alembra? "

Mais uma brilhante criação de Lula Borges. A logomarca do curta "Tu se alembra?"


Também estamos divulgando a logomarca da Cia. Interart de Teatro, parceira na produção de "Tu se alembra?"


domingo, 15 de janeiro de 2012

I Oficina do curta "Tu se alembra?"

A Pré-Produção de "Tu se alembra? realizará a I Oficina artística e de audiovisual com os atores da Cia. Interart de Teatro e com os atores especialmente convidados neste domingo (22/01), na Comunidade de Lagoa do Sítio.
A oficina contará com a presença dos diretores Lula Borges, Gláucio Câmara e de Míriam Cidade.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Novo filme de Hailton Mangabeira "Tu se alembra?" será gravado em Lagoa do Sítio e terá como destaque a Cia. Interart de Teatro

O novo filme de Hailton Mangabeira "Tu se alembra?" será gravado em Lagoa do Sítio e terá como destaque a Cia. Interart de Teatro. Todos os atores da companhia teatral participarão do filme: Charles Sales, Nara, Daiane, Carlinhos, Diego, Bal, Hilton, Laércio, Lenivaldo, Raniela, Laiane, Adriana e Aldeci. Também terá a participação especial de Alexandre Ribeiro e Gilberto Ribeiro. A direção geral ficará por conta de Lula Borges. A direção artística ficará por conta de Gláucio Câmara e Míriam Cidade.
O roteiro já está pronto e ainda este mês começarão as oficinas para a preparação artística e também  a de audiovisual. Já foram realizadas visitas a comunidade e escolhidos os cenários para as gravações das cenas. Além dos artistas da Cia. Interart de Teatro,  haverá a participação de moradores de Lagoa do Sítio como figurantes. 
As oficinas acontecerão em janeiro e as gravações nos meses de março e abril. Provavelmente o lançamento ocorra ainda no primeiro semestre.

Desde já, o meu agradecimento muito especial a Cia. Interart de Teatro.



 Conheça mais a Cia. Interart de Teatro acessando: http://interartdeteatro.blogspot.com


sábado, 7 de janeiro de 2012

O adeus ao guardião da memória

Yuno Silva e Tádzio França - repórteres

A clássica "Royal Cinema", composição do potiguar Tonheca Dantas, anunciou aos amigos e familiares que era chegada a hora do derradeiro adeus a Enélio Lima Petrovich, nome que entra para a história como o mais longevo dos gestores à frente de uma instituição pública no Estado. Lembrado por sua dedicação à preservação de documentos e registros históricos que guardam a memória social, cultural e política do RN, Petrovich fez questão de deixar escrito de próprio punho seu último pedido na contra-capa de um CD: "Para meu velório no salão nobre do IHG/RN. E quando? Só Deus sabe..."
Alex RégisMorre o advogado e escritor Enélio Lima Petrovich. Ele esteve à frente, por quase cinco décadas, da mais antiga entidade do Estado, o Instituto Histórico e geográficoMorre o advogado e escritor Enélio Lima Petrovich. Ele esteve à frente, por quase cinco décadas, da mais antiga entidade do Estado, o Instituto Histórico e geográfico

Enélio tinha 77 anos, três filhos, sete netos, deixou viúva dona Miriam Petrovich e em setembro foi acometido por um AVC que o deixou fora do combate nas trincheiras da Cultura potiguar. Falecido na manhã de ontem, foi velado no salão nobre do lugar que mais amava estar: o Instituto Histórico e Geográfico do RN, entidade fundada em 1902 da qual esteve à frente por 49 anos completos - ou uma vida inteira de dedicação, que por sinal foi a palavra mais repetida na tarde de ontem: dedicação. Essa é a principal imagem que fica sobre seu trabalho. O enterro aconteceu ontem mesmo, no fim da tarde da própria sexta-feira, no Cemitério Morada da Paz.

Figura querida, transitava por vários círculos e seu velório recebeu a presença de acadêmicos, intelectuais, artistas, personalidades da política e da sociedade. Durante o período que esteve internado no hospital, cerca de três meses, o IHG/RN chegou a ser brevemente comandado pelo filho Célio Petrovich - que logo passou o bastão para o vice-presidente Jurandir Navarro após polêmica deflagrada no meio intelecto-cultural. "Estava aqui por um chamado dele, nunca confundi as coisas", disse. Navarro permanece no gargo até o mês de março de 2013, quando haverá nova eleição.

"Acredito que a recuperação do acervo será o principal desafio da próxima diretoria", disse o escritor e pesquisador Cláudio Galvão, que declarou ser, "provavelmente", o amigo mais antigo presente no velório. Galvão, que conheceu Enélio há mais de 60 anos quando ainda eram adolescentes e moravam na rua Vigário Bartolomeu, sabe o que diz, pois contabiliza horas e horas de pesquisa nos arquivos do Instituto. "Muita coisa se perdeu pela deterioração natural, mas não podemos descartar o manuseio inadequado. Teve gente, inclusive, que chegou a rasgar alguns jornais antigos, material raro do século 19. Mas sei e tenho certeza que Enélio fez o que pôde dentro das limitações impostas ao longo do tempo."

Em 1988, Enélio chegou a ser empossado "presidente perpétuo"

Foram quase cinco décadas dedicadas a cuidar da mais antiga entidade cultural do Estado. Enélio Lima Petrovich foi eleito presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte em 25 de agosto de 1963, e desde então se manteve à frente da instituição, passando por várias eleições, até ser empossado "presidente perpétuo" em 1988, por decisão de uma assembleia geral. Câmara Cascudo sempre ressaltou os méritos do amigo e contemporâneo em sua longevidade administrativa: "...prorrogado o seu mandato, pois nele reconhecia grande força valorizadora em defesa do patrimônio intelectual do nosso Estado". E assim foi. 
Rodrigo SenaO velório na sede do Instituto Histórico foi um dos pedidos dele.O velório na sede do Instituto Histórico foi um dos pedidos dele.

Enélio teve uma vida cultural bastante movimentada. Advogado por formação, estendeu seus interesses para muito além do Direito. Interessado desde cedo em estudos literários e históricos, escreveu livros e muitos artigos para jornais, revistas e publicações da área jurídica em geral. Foi colaborador das revistas Inter-Brasil, do Rio de Janeiro, e da potiguar Cactus. Há escritos seus no campo do Direito Previdenciário na "Revista de Previdência Social", em São Paulo. Durante a vida universitária teve participação em todos os movimentos culturais, pronunciando conferências e palestras.

A história de Enélio junto ao IHGRN começa quando ele se torna sócio efetivo da casa em 29 de março de 1959 - em abril do mesmo ano já era segundo secretário. Mesmo à frente do instituto, a partir de 1963, ele não parou de escrever, pesquisar e atuar em diversos departamentos culturais e jurídicos. Durante o governo de Aluízio Alves, Enélio ocupou as funções de sub-chefe da Casa Civil (64), e diretor dos departamentos de Administração e Estatística (65).

Ele também foi um dos sócio-fundadores do segmento natalense do Lions Clube, sendo seu vice-presidente em 1966. Em 1967 foi sócio correspondente do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais, em São Paulo, filiado à Unesco.

Em sete de dezembro de 1973, Enélio se torna membro da Academia Norte-Riograndense de Letras, ocupando a cadeira do escritor Virgílio Trindade. A saudação protocolar foi proferida pelo próprio Luís da Câmara Cascudo, patrono fundador da Academia. O ex-presidente do IHGRN lançou cerca de 30 livros, obras que abordavam História e Direito, as duas paixões. Entre os títulos estão "Quem fundou Natal?", "A Ordem saúda a Justiça", "Evocando Henrique Castriciano", "Forte dos Reis Magos - Um patrimônio luso-brasileiro", "Os arquitetos da história do Rio Grande do Norte", "Sigmund Freud, sua ciência e a sociedade atual", "A questão religiosa no RN", entre outras.

O filho: 'Ele datava artigos com nome de santo"

Célio Petrovich, 48, filho do meio de Enélio e irmão de Lírian e Enélio Antônio, contou que o pai estava há cerca de 100 dias internado devido um acidente vascular cerebral isquêmico, o tipo mais comum de AVC. Visivelmente abalado, ele lembrou que Enélio chegou a ser liberado pelos médicos, "mas 5 ou 6 dias depois foi novamente internado, e infelizmente não saiu mais do hospital".

"Vejo meu pai como um baluarte da Cultura potiguar. Certo que ninguém é insubstituível, e podem até chegar a ser igual a ele - melhor não! Estou sem palavras e ainda não estou acreditando no que aconteceu", disse emocionado. "Muitas vezes tirou dinheiro do próprio bolso para pagar contas aqui do IHG/RN, dedicou sua vida a esta instituição, dividiu atenções com a família e quando assumiu o Instituto, mamãe estava grávida de mim." Um detalhe peculiar ressaltado por Célio: Enélio Petrovich assinava e datava seus artigos colocando o nome do Santo do dia - "Acredito que o Dia de Santos Reis veio para iluminar esse momento."

Autor de 35 livros, há uma obra inédita de Enélio Petrovich editada, revisada e pronta para ser publicada: "Escrevendo, Lendo e Publicando" estava programado para sair em março próximo e traz depoimentos, artigos, transcrições de palestras e textos que escreveu apresentando outros livros. "Agora não sei mais quando será lançado, nem se será lançado", revela Célio.

DEPOIMENTOS


"Enélio foi um abnegado que reduziu e até se afastou de suas atividades profissionais para viver seu grande amor que era o IHG/RN. Uma relação notável, que superava até a decepção de não contar com maior apoio do poder público na preservação desse extraordinário acervo."

Cláudio Galvão, escritor e pesquisador


"Enélio representa o que nenhum outro homem representou no tocante à dedicação. Conseguiu imprimir dinâmica a uma instituição estática."

Caio Flávio, médico


"Enélio exercia um sacerdócio aqui dentro do IGH/RN, e expressava seu amor através da preservação da nossa história. Sabia como ninguém que não se pode escrever o futuro sem conhecer o passado. "

Rosalba Ciarlini, governadora


"Uma perda irreparável para a cultura do RN, o professor Enélio dedicou sua vida ao IHG/RN, fato que comprometia até seu convívio familiar. Ele deixa saudades e o exemplo de dever cumprido."

Augusto Maranhão, pesquisador e empresário.

"A falta de Enélio é uma lacuna irreparável. Dedicou sua vida à tradição, à cidade, ao Estado, sempre valorizando a cultura e as pessoas. E o fato dele ter nos deixado no Dia de Santos Reis é para se refletir."

Anna Maria Cascudo, escritora

"Enélio é um nome que jamais será esquecido por sua dedicação e seu trabalho à frente do IHG/RN, onde sempre promoveu a cultura e a preservação da memória. Um ativista incessante."

Valério Mesquita, escritor e jurista

"Enélio fez a interligação da memória entre gerações. Sua presença era sentida em todos os segmentos culturais e leva consigo uma memória oral importante. A preocupação agora é a continuidade da instituição.

Leide Câmara, pesquisadora

"Uma perda irreparável, por onde passou deixou sua marca. Cada ser humano é único e Enélio é uma palavra que não mais se repete."

Zélia Madruga, da Academia de Letras Jurídicas do RN

"Feliz a instituição que tem uma pessoa como ele à frente. Como dizia Cascudo: 'Enélio Petrovich fazia intriga do bem.' Dedicado, agregador, a cultura do RN fica menor sem ele.

Racine Santos, dramaturgo 


Fonte: Tribuna do Norte

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Germano Luiz se apresenta nesta sexta-feira (06/01/2012) no Teatro Poti Cavalcanti

Nesta sexta-feira, dia 06 de janeiro de 2012, o cantor Germano Luiz estará se apresentando no Teatro Municipal, na rua Alexandre Cavalcante, em frente a prefeitura municipal de São Gonçalo do Amarante.

O show musical " 15 anos em canto e prosa", terá início às 19 horas, e as senhas serão vendidas a preços populares. 

Fonte: http://blogdomaxbezerra.blogspot.com

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

FESTIVAL DE REISADO ZABELÊ/PB

O Reisado é um auto popular profano-religioso, formado por grupos de músicos, cantores e dançadores, queo de porta em porta, no período de 24 de dezembro a 06 de janeiro, anunciar a Chegada do Messias, homenagear os Três Reis Magos e fazer louvações aos donos das casas onde dançam.
Em um de seus depoimentos Câmara Cascudo afirma o Reisado como o auto que originou o nosso Boi de Reis.
Alguns pesquisadores atribuem essa tradição brasileira aos grupos de Janereiros e Reiseiros portugueses que saírem pelas ruas pedindo que lhes abrissem as portas e recebessem a nova do Nascimento de Cristo.
O Reisado chega ao município Zabelê através de do Sr. Manoel Venceslau da Silva no ano de 1919. O Mestre Manoel João como ficou conhecido era um alagoano de Nova Palmares.

Componentes do Reisado

Com a morte do Mestre Manoel João a brincadeira só é revivida em julho de 2001 por iniciativa dos descendentes dos antigos brincantes que tem a frente o Mestre Abel que vem a falecer em agosto de 2011.
Boi Camba pintadinho de São Gonçalo do amarante/RN





Nos dias 06, 07 e 08 de janeiro de 2012 o Boi Calemba Pintadinho viaja para o Festival de Reis da Zabelê como único representante do Rio Grande do Norte.
A viagem ao Festival de Reisado Zabelê tem o empenho da República as Artes através do Ponto de Cultura BoiVivo, grupo de forró Será o Benedito, Pedubreu e o apoio Cultural do IFRN.
Por essas iniciativas o Boi leva sua maruja (componentes do grupo) completa com seus vinte e cinco componentes.

Fonte: http://pontodoboivivo.blogspot.com

domingo, 1 de janeiro de 2012

Fabião das Queimadas e o "Romance do Boi da mão de pau"

 
Em 1923, Natal conheceu Fabião das Queimadas 

Rostand Medeiros · Natal, RN
Em 13 de dezembro de 1923, o jornalista e advogado Manoel Dantas, com o pseudônimo de "Braz Contente", publicou no jornal "A Republica", uma nota intitulada "Coisas da Terra", onde noticiou que "estava sendo organizada uma grande quermesse, que ocorreria na noite de natal e teria lugar nos jardins do Palácio do Governo. Esta era uma iniciativa de senhoras da sociedade local, que buscavam ajudar o Instituto de Proteção e Assistência a Infância a construir o Hospital das Crianças".
O edifício estava sendo construído na avenida Deodoro, idéia do médico Manoel Varela Santiago Sobrinho para atender às camadas mais carentes da população. Por esta época, eram altíssimos os índices de mortalidade infantil na capital, devido às precárias condições de higiene e do atendimento à saúde pública. Estes problemas incomodaram uma parte da sociedade local, que se disponibilizou a ajudar.
À frente desta iniciativa se destacou a figura da poetisa Palmyra Wanderley, que em 1923 era uma das mais conceituadas intelectuais da terra, possuía uma cultura elevada, vinha de uma família de intelectuais, sendo assídua colaboradora em jornais e revistas, tanto potiguares como de outros estados.
Junto com a liderança de Palmyra, mais de 50 mulheres se engajaram nesta obra. Não deixa de ser interessante que, em meio a uma cidade onde predominava a família patriarcal e o machismo, se observa esta participação feminina. Foi publicada uma lista com os nomes destas participantes, onde se percebe que a grande maioria destas mulheres faziam parte da elite natalense. Um grupo delas chegou inclusive a sair pela Natal de 25.000 habitantes, para vender as entradas da quermesse, pelo preço módico de 2$000 réis.
Como atração principal, Palmyra decidiu não colocar algum artista declamando poesias clássicas, ou algum instrumentista tocando alguma peça européia, ou ainda artistas vindo de outras capitais. Sua decisão foi por um artista potiguar, já com uma certa idade, um poeta que declamava seus versos junto com uma rabeca, além de tudo negro e ex-escravo. Estamos falando de "Fabião das Queimadas".
Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha nasceu escravo, em 1850, na Fazenda Queimadas, do coronel José Ferreira da Rocha, no atual município de Lagoa de Velhos (RN). Começou a cantar durante os trabalhos na roça. Tornou-se tocador de rabeca, tendo adquirido seu instrumento aos 15 anos, com o apoio do dono, que permitia e incentivava que ele cantasse nas casas dos mais abastados da região e nas feiras. Conseguiu angariar algum dinheiro que, aos 28 anos, possibilitou comprar a sua alforria. Era analfabeto, mas criava versos, como o "Romance do boi da mão de pau", com 48 estrofes. Suas composições apresentam traços dos romances herdados da idade média.
Em 1923, Fabião das Queimadas já era conhecido e respeitado no estado, onde no início do período republicano manteve ligações com políticos da terra, emprestando seus talentos ao criar versos que serviam, ora para enaltecer os amigos poderosos, ora para denegrir seus adversários. Já suas apresentações em Natal, aparentemente eram raras ou restritas a residências de particulares que gostavam da prosa sertaneja.
"A Republica", de 19 de dezembro, em novo texto assinado por "Jacinto da Purificação", trouxe uma extensa reportagem sobre o cantador, onde buscavam apresentá-lo a cidade; comentou como no passado Fabião havia conquistado sua liberdade, "que a fama de Fabião corria mundo", mas ressaltou "que o seu estrelato alcançava aquele mundo que não ultrapassava as fronteiras da nossa terra".
Em 1923, a expectativa de vida dos mais pobres no Brasil mal chegava aos 60 anos. Fabião, então, com sessenta e dois anos, era considerado com "ótima lucidez, perfeita memória e bom timbre de voz". Afirmou-se que era "verdadeiramente um desses milagres para os quais a ciência não encontra explicação". Informaram que "aquilo que Fabião chama de sua obra", certamente daria um volume com mais de 300 páginas. Algumas destas obras haviam sido criadas pelo cantador 55 anos antes, em 1868. Para recitá-los ou cantá-los, junto com sua inseparável rabeca, ele utilizava apenas sua privilegiada memória.
Uma passagem interessante comentava que certa ocasião, um amigo mais chegado lhe perguntou como ele criava e guardava seus versos. Na sua simplicidade, o cantador disse que "quando eu quero tirar uma obra, me deito na rede de papo prá riba, magino, magino e quando acabo de maginar, está maginado pru resto da vida".
Chamou atenção do autor do texto como Fabião era um sertanejo dotado de uma imensa bondade, pois lembrava saudosamente do seu antigo senhor, José Ferreira. Em uma passagem, o autor conta uma história onde Fabião rebate uma crítica feita ao seu antigo amo, por não tê-lo mandado à escola quando jovem, ao que o cantador comentou; "meu senhor foi sempre homem de muito tino e ele bem sabia que se me tivesse mandado ler e escrever, quem o vendia era eu".
O final do texto de "Jacinto da Purificação", deixa transparecer um certo receio de fracasso ante a apresentação do poeta, que estava "descolado do seu meio". Colocava entretanto que, "qualquer que seja a sorte da prova que se vai suceder, Fabião para nós será sempre o velho genial".
A festa começou às dezoito horas do dia 24 de dezembro, uma segunda-feira. Um dos paraninfos era o então governador Antonio José de Souza, que estava presente.
Desde cedo começou a afluir uma grande multidão, calculada em torno de 4.000 pessoas. Com um caráter estritamente familiar, a festa mudou o quadro da principal praça da cidade, uma área que normalmente, após as oito da noite ficava deserta. Neste dia estava "exuberantemente iluminada e cheia de vida". O Doutor Varela Santiago, sempre acompanhado de Palmyra Wanderley e de outras organizadoras, seguiam entre as barracas, agradecendo a participação de todos.
Várias barracas estavam pela praça, todas com nomes bíblicos como "Betesda", "Carfanaum", "Jericó" e, apesar do caráter religioso das festividades, o local mais freqüentado foi à barraca chamada "Poço do Jacó", por vender bebidas geladas, principalmente cerveja.
Em locais distintos tocavam as bandas marciais da Polícia Militar e da guarnição do quartel federal, o 29º Batalhão de Caçadores.
Havia várias atividades atléticas, como um torneio de "queda de braço" e um concorrido torneio de bilhar, onde se destacaram os jovens José Wanderley e Francisco Lopes, tendo este último sido o vencedor.
Em um palco armado foram se apresentando os seresteiros, cantores e tocadores da cidade, todos amadores. Uma delas foi a "senhorinha" Edith Pegado, que chamou a atenção de todos por cantar uma cantiga "roceira" chamada "Sá Zabê do Pará".
Mas a atração principal era "Fabião das Queimadas". Ao subir no palco com sua inseparável rabeca, o trovador foi entusiástica e longamente aplaudido e desenvolveu uma apresentação que foi classificada pela "A Republica" como "magnífica", composta de "repentes" e "louvoures", que fizeram o deleite do público natalense naquela noite.
Uma coluna publicada cinco anos depois, por ocasião da morte de Fabião, mostra a repercussão que esta festa teve. Um articulista que assinava simplesmente "R.S." escreveu que "Ainda estamos bem lembrados daquela noite em que promovendo-se nesta capital uma festa, Fabião das Queimadas improvisava chistosos versos, magníficos na sua rudeza e simplicidade". O articulista recordava alguns destes versos, que foram dirigidos aos espectadores mais ilustres, como o governador Antonio de Souza, Henrique Castriciano, Varela Santiago, Palmyra Wanderley e Eloy de Souza. A este último, devido a sua herança negra, Fabião soltou uma quadra que terminava assim; "Se o sinhô num fosse rico, era de nossa famía".
Nos outros dias, poucas notas são divulgadas pela imprensa sobre a quermesse, fazendo esta festa cair logo no esquecimento. Contudo, ao observarmos os detalhes existentes na elaboração e desenrolar desta iniciativa, vemos que as mulheres potiguares, sob o comando com Palmyra Wanderley, conseguiram muito mais do que a nobre causa de angariar fundos para o hospital do Dr. Varela Santiago. Com uma só ação, Palmyra e as outras mulheres, muitas certamente sem nem ao menos perceber o que estavam fazendo, atingiam em cheio aspectos negativos que permeavam a sociedade potiguar da sua época.
Quem busca conhecer com maior profundidade o pensamento da sociedade potiguar do final da década de 10 e início dos anos 20 do século passado, encontra fortes traços de preconceito contra a mulher, machismo, racismo e a pouca referência sobre as camadas populares e suas manifestações tradicionais. Evidente que não seria esta quermesse de Natal de 1923 que mudaria uma sociedade com arraigados e antigos valores, mas iniciativas como esta ajudavam a criar mudanças.
Para Fabião, ao tocar na capital, não fez nada diferente do que estava acostumado a fazer nas casas e nas feiras dos povoados do sertão, e nem poderia ser de outra forma. Fabião cantou a sua idéia de Mundo, as coisas da sua terra, da sua gente, trazendo para Natal, através dos seus versos, o que ele conhecia do sertão e assim se perpetuando na nossa memória.
Fabião das Queimadas morreu em 1928, aos sessenta e oito anos, de tétano, em uma pequena fazendola de sua propriedade, chamada "Riacho Fundo", próximo a Serra da Arara e ao Rio Potengi, na atual cidade de Barcelona (RN).

Fonte: Overmundo

A história de um dos maiores poetas potiguares que viveu e está sepultado em Barcelona
por Adriano Costa
Fabião Hermenegildo Ferreira da Rocha, popularmente conhecido por Fabião das Queimadas nasceu em 1848, na fazenda Queimadas município de Santa Cruz. Depois a fazenda pertenceu aos atuais territórios dos municípios de São Tomé e Barcelona. Com a criação do município de Lagoa de Velhos em 1962, a fazenda passou a pertenceu ao território do novo município. Mas posteriormente, Fabião veio a residir sucessivamente nos municípios de São Tomé, Sítio Novo e finalmente em Barcelona.

O folclorista Câmara Cascudo, no seu livro "Vaqueiros e Cantadores", descreve-lhe o tipo físico do poeta. Ele era um negro baixo, entroncado, robusto, de larga cara "apratada" e risonha, nariz de congolês. Tinha os olhos tristes de escravo, conservava a dentadura intacta e um bom - humor perene.
Nascido escravo, o notável poeta pertenceu ao major José Ferreira da Rocha, nas Queimadas das férteis terras de Lagoa de Velhos. Fabião, começou a vida como agricultor e vaqueiro. Há uma grande suspeita de que o poeta é filho de José Ferreira com uma escrava. Porém, foi encontrado pelo pesquisador Hugo Tavares Dutra na Arquidiocese de Natal, a certidão de casamento de Fabião datada de 17 de novembro de 1881, na qual consta que este era filho de um escravo chamado Vicente. Mesmo assim, a possibilidade do poeta ser filho de José Ferreira não está descartada.
Com dez anos o poeta já cantava. Aos dezoito anos de idade, o poeta não se conteve e com algumas economias que fez no trabalho da agricultura, juntando dinheiro vendendo couro de animais, mel, legumes e frutas que plantava conseguiu comprou uma rabeca, pois essa rabeca passava a ser um instrumento não musical, mas com ela saiu cantando e tocando suas toadas e seus repentes pelas vaquejadas, pelas casas e povoados simples de sua região. Note o amor com que o poeta dedica esta redondilha ao seu instrumento:
"Essa minha rabequinha
É meus pés e minhas mãos
É meu roçado me mio
Minha pranta de feijão
Minha criação de gado
Minha safra de algodão."
Com esse propósito o poeta conseguiu ganhar dinheiro o suficiente para comprar a sua própria liberdade por 800$000 (oitocentos mil réis) e posteriormente a de sua mãe Antônia por 100$000, Antônia e de uma sobrinha, Joaquina Ferreira da Silva por 400$000, conhecida como "Sinhaninha" com a qual o poeta casou e tiveram quinze filhos.
"Quando forrei minha mãe
A lua saiu mais cedo
Pra clarear o caminho
De quem deixava o degredo"
Ao dizer "forrei" o poeta faz uma referência à compra da carta de alforria de sua mãe com o dinheiro que ganhava tocando rabeca.
Para se ter uma idéia da facilidade com que o poeta versificava de improviso sabe-se que num dia de chuva em Barcelona o poeta fazia compras no armazém de Oscar Marinho de Carvalho. Como as embalagens eram de papel, ele resolveu esperar a chuva passar. O comerciante então lhe fez um desafio prontamente aceito pelo poeta - Fabião, diga-me uns versos que terminem com "adeus minhas encomendas que você pode levar sua feira de graça. Fabião tirou o seu chapelão e olhando para a chuva que caia lá fora recitou algo que até a criação da PORTAL VIRTUAL BARCELONA permanecia inédito:
"Numa chuva com relâmpago,
Não há trovão que não gema
Nosso patrão tá dizendo:
Adeus minhas encomendas".
Considerado o primeiro rabequeiro de que se tem notícia no Rio Grande do Norte, Fabião era figura conhecida no interior do Estado, Fabião das Queimadas não era cantador de feiras. Cantava na casa dos amigos e dos ricos, com ou sem remuneração alguma. Tinha verdadeira paixão pelas vaquejadas. Era uma espécie de repórter. Gostava de acompanhar os vaqueiros na captura de um barbatão e assistia a uma vaquejada observando atentamente todos os lances para melhor se inspirar nos seus bonitos versos. Sabia contar todos os acidentes ocorridos e, como era bom poeta ee cantador, encarnava-se no cavalo ou na rês. Além dos chamados romances da literatura de cordel, também gostava de fazer trovas de improviso. Usava habitualmente um inseparável chapéu de couro, símbolo do vaqueiro nordestino.
Fabião tinha uma verdadeira admiração pelo famoso cavalo Castanho da fazenda Divisão, encravada no município de São Paulo do Potengi. Contam que, ao saber da morte do "Castanho da Divisão", encarnou-se no animal e disse de improviso a seguinte trova:
"Gostei de correr o gado
Quando eu tinha boa esteira.
Novilha, boi, vaca e touro
Pra mim não tinham carreira".

Conta Sátiro Adelino Dantas que,nos idos de 1920, o poeta do Potengi resolveu fazer uma visita ao coronel José Bezerra de Araújo Galvão, o todo-poderoso coronel Zé Bezerra da Aba da Serra. 0 coronel não se encontrava em Currais Novos. Estava invernando na famosa fazenda Aba da Serra. Fabião não perdeu tempo. Viajou imediatamente até o solar do velho patriarca do Seridó. Lá chegando, foi recebido fidalgamente pelo coronel e seus familiares. Conversa vai, conversa vem, lá pras tantas um amigo do coronel solicitou ao poeta fazer um elogio em versos ao coronel José Bezerra. Fabião, então, improvisou a seguinte sextilha:
"Aqui na Aba da Serra
Não é pra ninguém subir.
Só se fôr de Currais Novos,
Ou então do Acari,
Ou Fabião das Queimadas,
Poeta do Potengi."
Câmara Cascudo convidou o poeta para fazer um passeio. Através do folclorista, o poeta conheceu muita gente importante da capital e no interior. Pessoas como o governador Ferreira Chaves e Eloi de Souza. Este último, grande admirador da inteligência e dos versos inspirados do poeta popular. Eloy providenciou que fosse tirada uma foto do poeta, que hoje é sua única foto conhecida. O poeta dos vaqueiros foi estudado por Ariano Suassuna e Orígenes Lessa, além de ter sido musicado por Antônio Nóbrega.
Em 1910, Alberto Maranhão (1872 - 1944) era governador do Rio Grande do Norte e estava invernando na sua fazenda Cachoeira, localizada no atual município de São Paulo do Potengi. 0 governador era um homem enamorado da poesia. O poeta chegou a cantar até no Palácio do Governo. Fabião era quase vizinho do Alberto Maranhão, pois sua pequena propriedade Riacho Fundo ficava a poucos quilômetros da fazenda Cachoeira.
Certo dia, Fabião das Queimadas apareceu para fazer uma visita a Alberto Maranhão. 0 anfitrião solicitou a Fabião que cantasse alguns romances sertanejos. 0 poeta atendeu de imediato a solicitação do governador. Acompanhando-se da sua famosa rabeca, cantou alguns romances. Depois, passou a declamar quadrinhas.
Outra vez, também na residência oficial do Governador, saudou com esta quadra o Senador Elói de Sousa, um dos grandes vultos da política de então, o qual não se envergonhava do sangue negro que lhe corria nas veias:
"Seu doutô Elói de Sousa,
Minha mãe sempre dizia,
Se o senhô não fosse rico,
Era da nossa famia."
Fabião tinha muita estima por seus filhos. Filipe Ferreira da Silva, ou Filipe Fabião, e Fabião Filho, ou Fabião Novo. O primeiro dedicou-se desde muito moço ao trato com a terra. O segundo era o caçula da família. Fabião Filho era um menino vivo, inteligente e despontava alguma vocação poética O velho Fabião tinha esperança de que o seu caçula fosse um dia o seu substituto na arte da poesia. Tanto que uma vez fez a seguinte trova:
"Eu sou o Fabião véio,
Divertimento do povo;
Morrendo Fabião véio,
Vai ficá Fabião novo."
Para decepção do velho poeta. Fabião Filho começou a apresentar sintomas de loucura, doença que progredia cada vez mais. Doente e acabado, esperando a visita da morte a qualquer momento, Fabião das Queimadas fez o seu último verso em sextilha, cujo teor é o seguinte:
"Quando ouvirem falá
Que Fabião véio morreu,
Todos pode acreditá
Que a semente se perdeu:
De muitos fio que tive
Nenhum saiu que nem eu".
Encontro entre Fabião das Queimadas e Castro Alves alguma relação. Fabião nasceu escravo em 1848 e foi o poeta dos vaqueiros. Castro Alves, nascido em 1847, foi o poeta dos escravos. A instrução e os anos de vida é que foram muito diferentes entre os dois. Fabião, quase analfabeto, morreu com 80 anos. Castro Alves, estudante de Faculdade, tinha apenas 24 anos ao falecer.
Fabião das Queimadas morreu aos 80 anos de idade, em 1928, na sua pequena propriedade chamada Riacho Fundo em Barcelona vitimado pelo tétano quando se feriu num espinho de macambira quando viajava montado em um burro. O poeta está enterrado no cemitério local de Barcelona. Fabião Filho continuou a definhar e, pouco tempo depois, também morreu. Tinha 26 anos de idade.
Fabião das Queimadas deixou inúmeros romances sobre bois e cavalos de sua região, como A Vaca Malhada e o Boi Mão de Pau, dentre outros que ele cantava e sempre acompanhado da sua inseparável rabeca.
Nas suas cantorias sempre repetia o seu "Redondo, Sinhá", que era uma espécie de coro. Em determinados versos, também servia de prefixo. Fabião era analfabeto, por isso gostava de ditar para alguém escrever versos ou quadrinhas de sua autoria. Calcula-se que tenha extraviado 90% de sua produção. É lamentável, mas infelizmente o folclore do Rio Grande do Norte muito perdeu da literatura de cordel do famoso poeta dos vaqueiros.
Fiel ao ditado que diz que santo de casa não obra milagre Fabião, um dos maiores poetas populares do Brasil, não tem nada em sua homenagem em Barcelona. Nenhuma rua, praça, biblioteca ou escola.
Fonte: Portal Virtual de Barcelonoa - RN

A morte do touro mão de pau
"À memória de meu pai que tendo  sido assassinado também preferiu a morte à desonra, a 9 de outubro de 1930"

Corre a serra Joana Gomes
Galope desesperado:
Um Touro se defendendo,
Homens querendo humilhá-lo,
Um touro com sua vida,
os homens em seus cavalos.
Cortava o gume das pedras
Um bramido angustiado ,
Se quebrava nas caatingas
Um galope surdo e pardo
E os cascos pretos soavam
Nas pedras de Fogo alado,
Enquanto o clarim da morte,
Ao vento seco e queimado,
Na poeira avermelhada
Envolvia os velhos cardos.
Os negros cascos soavam
Em chamas de fogo alado!
Rasgavam a serra bruta
Aboios mal arquejados
E, nas trilhas já cobertas
Pelo pó quente e dourado,
Um gemido de desgraça
Um gemido angustiado:
- "Adeus, Lagoa dos Velhos,
Adeus, vazante do gado!
Adeus, serra Joana Gomes
E cacimba do Salgado!
O touro só tem a vida:
Os homens tem seus cavalos".
O galopar recrescia. 
 Brilhavam Ferrões farpados
E algemas de baraúna
Para o touro preparados.
Seu Sabino tinha dito:
- "Ele há de vir amarrado"!
Miguel e Antônio Rodrigues
De guarda-peito e encourados,
Na frente do grupo vinham,
Montados em seus cavalos
De pernas finas, ligeiras,
Ambos de prata arreados.
E, logo à frente, corria
O grande touro marcado
Manquejando sangue limpo
Nos caminhos mal rasgados,
Cortadas as bravas ancas
Por ferrões ensangüentados.
A serra se despenhava
Nas asas de seus penhascos
E a respiração fogosa
Dos dois fogosos cavalos
Já requeimava, de perto,
As ancas do manco macho
Quando ele, vendo a desonra,
Tentando subjugá-lo,
Mancando da mão preada
Subiu num rochedo pardo:
Num grito, todos pararam,
Pelo horror paralisados,
Pois sempre, ao rebanho, espanta
Que um touro do nosso gado 
 Às teias da fama-negra
Prefira o gume do fado.
E mal seus perseguidores
Esbarravam seus cavalos,
Viram o manco selvagem
Saltar do rochedo pardo:
Houve um grande torvelinho
De terno olhar assustado
E de aspas enfurecidas
Reviradas para o alto.
E o touro lançou seu último
Bramir de morte encrespado:
_"Adeus, Lagoa dos Velhos!
Adeus, vazante do gado!
Adeus, serra Joana Gomes
E cacimba do Salgado!
Assim vai-se o touro manco,
Morto mas não desonrado"!
Silêncio. A serra calou-se
No poente ensangüentado.
Calou-se a voz dos aboios,
Cessou o troar dos cascos.
E agora, só, no silêncio
Deste Sertão assombrado,
O touro sem sua vida,
Os homens em seus cavalos.  
 
 
Ariano Suassuna
( baseado nos versos de Romance do boi mão de pau de Fabião das Queimadas ) 

A MORTE DE FABIÃO DAS QUEIMADAS
Por Luiz Antonio Simas
O poeta Fabião das Queimadas, ex-escravo, analfabeto, rabequeiro e cantador, imaginou, na hora da morte, estar assistindo aos vaqueiros Miguel e Antonio Rodrigues perseguirem o Manco Macho, touro mão-de-pau, valente e valoroso gado:
Corre a Serra Joana Gomes
galope desesperado:
um touro se defendendo,
homens querendo humilhá-lo,
um touro com sua vida,
os homens em seus cavalos.
E Fabião viu os vaqueiros, cumprindo a ordem de Seu Sabino, preparando ferrões farpados e algemas de baraúna para prender o touro brabo. E viu quando o bicho, manquejando ensanguentado, com as ancas rasgadas pelos ferrões, desafiou os perseguidores:
A Serra se despenhava
nas asas de seus penhascos
e a respiração fogosa
dos dois fogosos cavalos
já requeimava, de perto,
as ancas do Manco macho
quando ele, vendo a desonra,
tentando subjugá-lo,
mancando da mão preada
subiu num rochedo pardo.
E o touro brabo era Frei Caneca, Tiradentes, Delmiro Gouveia, Carlos Mariguela, Sepé Tiaraju, Pedro Ivo, João Candido... Num grito todos pararam,
pelo horror paralisados,
pois sempre, ao rebanho, espanta
que um touro do nosso gado
às teias da fama-negra
prefira o gume do fado.
E mal seus perseguidores
esbarravam seus cavalos,
viram o Manco selvagem
saltar do rochedo pardo.
E Fabião das Queimadas percebeu, nos silêncios da indesejada das gentes, que o touro brabo era ele, o poeta das vaquejadas, o escravo de seu Zé Ferreira, o homem que comprou, cantando, sua liberdade. E Fabião cantou, como o Manco no rochedo pardo:
"-Adeus, Lagoa dos Velhos!
Adeus, vazante do gado!
Adeus, Serra Joana Gomes
e cacimba do Salgado!
Assim vai-se o touro manco,
morto mas não desonrado!"
E na hora das incelenças, ouviu-se, no lamuriar das carpideiras, um aboio longo, comprido, de vaqueiro triste, anunciando que o poeta Fabião das Queimadas, cantor do povo, rabequeiro de feira, tinha finalmente encontrado seu Touro brabo, de olhar incendiado, no Orum misterioso das almas valentes:
Silêncio. A Serra calou-se
no poente ensanguentado.
Calou-se a voz dos aboios,
cessou o troar dos cascos.
E agora, só no silêncio
desse Sertão assombrado,
o Touro sem sua vida,
os homens em seus cavalos.
ps: Fabião Hermenildo Ferreira da Rocha, o Fabião das Queimadas, morreu ao oitenta anos de idade em Santa Cruz, Rio Grande do Norte, no ano de 1928. Poeta maior da sua gente, deixou obra assombrosa sobre vaquejadas e romances de gado. A Morte do Touro Mão-de-Pau é seu canto mais famoso, tendo sido , inclusive, recriado pelo mestre Ariano Suassuna. Meus respeitos e minha vela de sete dias no altar da pátria ao poeta do povo.
Fonte: Histórias do Brasil

Fonte: http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Fabi%C3%A3o+das+Queimadas&ltr=f&id_perso=1361