Foto: Alex
Régis
Heloísa
Buarque de Hollanda - Escritora
Nos últimos anos, vem se dedicando à cultura produzida nas periferias das grandes cidades e analisando o impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo da cultura. Depois de participar de uma ciranda comandada pela grande cirandeira Lia de Itamaracá, ela conversou um pouco com a reportagem sobre os temas abordados. Confira:
Nos últimos anos a cultura produzida na periferia das grandes cidades vem se tornando referência. Qual a sua opinião sobre isso?
Eu acho que essa é a grande tendência do século XXI. Eu tenho um programa inteiro na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ dedicado a duas linhas: uma delas é a cultura da periferia e a outra a cultura digital. A gente tenta fazer esse cruzamento e é exatamente o que está propondo Conexão Felipe Camarão, aqui em Natal.
Como se dá a intervenção desses pontos de cultura e ONG’s?
Eles são irradiadores. A gente identifica muito bem o grau multiplicador desses pontos de cultura. Até na Argentina tem trabalhos parecidos sendo realizados. Além de se multiplicarem, são multiplicadores e é isso que eu acho mais importante.
Qual o impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo dessa cultura?
Não posso falar muita coisa sobre mídias, mas tenho uma opinião e dou um exemplo: Acho que o livro está se democratizando muito com a invenção do ibook, que se torna mais barato e o livro didático tem outro formato, que não se estraga, além de conseguir divulgar a informação com muito mais rapidez. No campo da criação é sensacional. Aliás, eu estou fazendo um projeto chamado “Poesia”, que é um projeto que eu pedi a dez poetas que eu mais gosto, como Ferreira Goulart, Alice Sant’Anna, Antônio Cícero, entre outros, para fazerem experiências radicais com a expressividade da palavra. Eles estão fazendo em edição sonora, visualizações, animação, tá ficando uma beleza. Isso será um aplicativo, aplicativo literário.
Com você avalia nisso tudo a relação entre a cultura e o desenvolvimento humano?
A cultura é uma economia emergente, fortíssima, e ela é um fator de inclusão social muito importante. Ela gera emprego e isso é fundamental. A cultura nunca teve essa característica de ser economia importante. Então agora a gente tem duas razões fundamentais para divulgar a cultura: uma porque é um vetor transformador e a outra porque é um gerador de renda.
Fonte: Tribuna do Norte